sábado, abril 10, 2010

Garrafa de vinho na mão, pela metade, argentino, barato. Sanguinolento. E quase bato o carro. O vinho me escorre pelo canto da boca, vampiresco. Minha amiga psicóloga me aconselhando, no copiloto: patati patatá. Adoro ouvi-la falar. Fale Ciça. Me ilumine, Ciça. Não me julgue, me entenda Ciça. SOCORRO Ciça! Solto um berro agudo. Foi por bem pouco, quase tive um ataque do coração. Aquele cara do carro prateado deve me xingar tanto a essa altura. Talvez me xingue até amanhã de manhã.
Desço a Consolação, lenta, casaco preto grande, noite fria e boa, vinho argentino barato, e vou dizendo "je suis rimbaud, je suis verlaine, je suis le vin, je suis le pain, je suis la citée". Assim, num francês que eu nem soletro bem. Maquiagem borrada, saindo do teatro. Feliz. Emocionada. Poetisa. Que nem escrevo mais sobre nada. Receita de bolo. Idéias vagas, calçadas, pés. Só importa se as palavras soam bem. E mais nada. E que nestas noites de outono e vinho me sinto livre. Me sinto bem.

Um comentário:

maria cecilia mansur disse...

Assim como uma fresca fria Nekropolis , viño... amiga... sou toda ouvidas... fala, parla, me sinto tÃo útil....hehehe
bjokitas saradinhas
MC²