sábado, agosto 14, 2010

ando masculinamente mulher.
ando carnívora incandescente.
ando torta, dolorida.
ando a esmo, berlim em mim, em mil.
kreuzberg me atravessa e eu o atravesso diariamente em minha super bicleta foguete. turbinas nos meus pés, festa na minha bacia, deleite pros meus olhos; essa cidade me amansa me excita, me amansa me excita.
me entorpece, me abastece de vontade dessa coisa de vida.
andar. andar e só é o bastante.

quero raspar o cabelo. meu lado masculino se apresentando, nos meus sonhos lésbicos, nessas mulheres homens que caminham livres por esta cidade.
foda-se as mulherzinhas com o cabelinho comprido pra agradar os homens. aqui elas sao e ponto. elas sao foda. nao precisa ficar provando que é mulherzona, super feminina, sensual. elas sao sensuais. mais que todas.

quinta-feira, agosto 12, 2010

Sobre Berlin e os meus pés

que estou cansada
meu corpo pede trégua mas quero continuar nessa aventura maluca de conhecer e ter domínio sobre o nosso cavalo-corpo
nunca fiquei tao exaurida
mentalmente
fisicamente
meus pés nao podem mais tocar o chao porque estao cheios de bolhas
meus ombros e minha perna doem diariamente
e assim eu passo o dia todo sentindo meu corpo, porque ele nao me deixa esquecer nem por um minuto. sao tantas dores!
tantas coisas crescendo aqui dentro. as minhas vontades reprimidas, meus medos, sao minhas travas, todas sendo obrigadas a sair pra fora. mostrar a cara. venham aqui fora pra eu olhar pra voces cara a cara e ver que nao é tao grande assim. nao é tanto medo assim. nao sou tao fraca, meu corpo aguenta, minhas pernas sao uma boa base pra eu me apoiar. vem que o meu centro ta explodindo e só nao explode mais porque voces vem me atormentar. em tudo estao voces, meus monstrinhos, meus fantasminhas, minhas nhacas, por toda a parte. e como faco pra abandona-las pelo caminho? quando vou sentir que fez créc e destravou? quando?
porque estou trabalhando arudamente agora pra isso. mas nunca parece o bastante.
saiam já e me deixem experimentar isso tudo daqui.

sexta-feira, agosto 06, 2010

berlin

Neste momento, o melhor lugar do mundo é aqui e agora.
Aqui nesta cidade absolutamente tesuda, maluca, desorientada, em construcäo, descontrucao, reconstrucao, tudo jogado, um milhao de bares e eu querendo entrar em cada um e provar cada coisa, pessoas lindas de cabelos incríveis, bicicletas velhas, lojas de comida organica, um milhao de lojas de comida organica, cada esquina uma surpresa, cada passo um deslumbre, um olhar pra cada coisa e uma vontade, um tesao absoluto por tudo isso que me rodeia neste momento. Berlin é foda. Nao existe igual. Cada parque foda, cheio de gente, cada bar surreal, cada rio, cada tudo. E eu na minha Lucy, minha nova bicicleta velha, cor de rosa, deslizando por esta cidade fácil, por essa vida tranquila, esta paz depois de tanta guerra que já teve aqui. É tanta paz. Eles sao tao desencanados, tranquilos, andam como quem veio pra vida a passeio, sinto que eles sabem aproveitar a cidade deles muito bem. Os bares tao sempre cheios nao importa o dia da semana. De manha, quando saio pra aula de teatro, os cafés estao cheios com todos tomando café da manha juntos! Os berlinenses sao zero materialistas, zero aparencias, se vestem de qualquer jeito, moram em casas lindas e simples, tudo meio baguncado mas extremamente organizado ao mesmo tempo. Como pode? Tudo mais coletivizado. Tudo mais humano. Menos capital, material, bla bla bla. Puta cidade foda. Puta clima bom, de cidade bem cidade mesmo, mas com essa calma, esse saber viver gostoso, esse tesao todo. Uau. E isso é so o comeco.