estranha
estranha
em frangalhos tô acostumada
de migalha
em migalha
minha casa eu sou
entrada única do meu envoltório
estou cansada
minha cara
minha cara não me diz nada
lacre involuntário
porta pra parede
estanca
dança
sai daí criança
sai daí
estanca
costura o que sobrou de tripa
vê o que é que fica
e vai
e vai passear
quarta-feira, agosto 12, 2009
sábado, agosto 01, 2009
Menina 1
Unha preta no teclado branco tec tec tec tec tec tec tec tec
dor nas juntas
menina 1 fala para menina 2:
Por quê tem que ser assim?
menina 2 pensa nem um segundo e fala para menina 1:
meu dorso pesa levando todo o meu corpo para frente
menina 1:
é o meu também
ou é esse colar que pesa demais no meu pescoço
que me puxa pra baixo
pra dentro do centro gravitacional existencial
Sai de mim, existência!
Xô pra lá vã filosofia vã. Vá.
Vinde o simples o óbvio concreto ululante.
Venha mesa de bar, copo americano, papo furado. Roupa nova, esmalte que cor, o próximo show, a gasolina, o sutiã me aperta.
Sai prá lá ideinha dificinha. Ideinha inha inha. Escrever é mais difícil do que parece. E quem disse que escrevo? Escrever é isso? Basta ter um Blog og og?
Responde o eco bode de dentro dos meus parafusos:
Uso.
Unhas descascando tempo vazando por entre os dedos. Não agarro nada, nada se salva. Vai tudo na enchente, enxurrada de tempo me arrasta me leva, me deixa me deixa aqui!
Me agarro ao aqui. Não tempo, não. Venha agora não. Me deixe aqui, mais um pouquinho, só mais um pouquinho. Queria que de manhã cinco minutos durassem cinco horas, mas cruel é o tempo, e o máximo que ele faz por mim é durar cinco milésimos de alguma coisa tempo.
Xô pra lá que eu fico aqui. Aqui não tem tempo ruim. Aqui sou eu e minhas unhas tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec tec
e um mundo virtual aos meus pés.
Sou dona deste mundo, deste tempo, pelo menos deste!
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