sábado, setembro 17, 2011

história de amor

nossa dramaturgia começa com

"você já viu a lua?"

e do portãozinho da casa da vanessa pra uns beijos no carro na garagem da thaís em santa terezinha foi um pulo.
daí eu ganhei uma despejada de cera quente de vela na cabeça da cor dos ciúmes.
depois, um dia, um telefonema:

"vem comigo. vamos juntos. eu te apoio e você me apoia. vem comigo, vem".

fui.
e no dia seguinte fomos namorados.

e de namorar para casar, foi outro pulo, curto. longo. árduo. lindo.

tem berlim entre uma coisa e outra.

nossa dramaturgia é de risco.
é de jogar tudo pro alto e recomeçar a cada dor, a cada foda, a cada dia.

mas nosso sonho é junto. é nosso. lindo.

minha declaração maior é a minha certeza. é o fechar os olhos e "me guia" que eu vou. confio. acredito, plenamente. concordo. identifico. pedaço de mim que encontrei perdido no mundo. e juntou pé com cabeça, virgem com escorpião, e florescemos. juntos. lindo.

nossa dramaturgia também é difícil. envolve coisa ruim, lixo, saudades, erros e mancadas, grandes merdas. nossa dramaturgia tem conflito. ô se tem.

hoje a dramaturgia tá no limite. no risco maior que todos os que já foram. sou uma equilibrista de sombrinha literalmente. abora aporta de casa pisando em ovos. mas ainda assim, vou dormir ao seu lado que é o melhor lugar do mundo, sorrindo.

e acordando com seu sono imóvel. sorrindo.

vai passar meu amor.

vai passar.

a nossa dramaturgia não tem desfecho.

beijos,
sua.

quarta-feira, setembro 14, 2011

cala a boca bárbara

debaixo da terra é silêncio

debaixo da pele é silêncio

debaixo da água é silêncio

no mergulho dos sonhos é silêncio





ali - entre a quietude e alguns sussurros
o grito abafado no sonho - e eu mordendo o travesseiro.

no som truncado do silêncio
o pesadelo e a queda ancestral

ali, onde adão e eva
ali pecado
ali não




bem ali.

segunda-feira, setembro 12, 2011

mon day

na outra encarnação fui um homem.
e aí que eu já sei como é.
prefiro ser mulher, mas gosto da companhia dos homens. às vezes prefiro, até.
trago daquela outra vida a simplicidade, o desejo e a coragem.

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agora meu cabelo crece a olhos nus. quero impedi-lo. não dá. todos os dias acordo e olho pra maquininha e ela olha pra mim e nos perguntamos, juntas: é hoje?

agora eu estou um pouco gorda.

agora eu lido com um bilhão de coisas que eu não lidava antes.

agora tenho uma casa. e às vezes me sinto como a minha mãe e não gosto da sensação. agora, daqui a pouco, tenho 25 anos.

uau. fuck. no.

agora é. agora sou. logo agora. justo agora.

bem aqui, assim. posso ser? pode sim. só querer. um dois três e já.

quero, logo hesito.
logo penso.
logo sou.

logo agora. justo agora.