sexta-feira, julho 30, 2010

lá da travessia

28.07 - em trânsito

Nono and last day

La Strada

Melhor sensação que eu conheço
Que relembrei
Redescobri aqui
Que quero viajar muito pro resto da vida
Viajar é preciso
Viajo porque preciso viver
Aqui é tudo muito.
Tudo tão
Tudo bem
Basta existir e sugar o sangue da vida que me beija na boca de língua
Quero trepar com a vida
Mais e mais
Forte
Devagarinho
Deixar ela entrar e me amar
Porque eu amo ela

domingo, julho 18, 2010

do ente

momento em que te pegam te viram do avesso e te o bri gam a ficar quietinho, descansandinho, tomando chazinho, paradinho, no sofazinho, dormindinho, bonitinho, tomando remedinho, xaropinho, nhé nhé nhé nhé nhé, tudo aquilo que é mais chato de fazer nesta vida.

do ser

ou, para os mais chegados nessa coisa de explorar a fundo o ser humano, quando se fica doente, do ente, é um momento de entrar em contato consigo mesmo, com o seu ser. o corpo pede estes momentos de vez em quando. esta pausa. quando você está se atropelando demais, não se olhando o suficiente, não se respeitando o mínimo. quando tá fumando demais, bebendo demais, trepando demais, se divertindo demais, o corpo pára, pede arrego, não aguenta, pede trégua, pára peloamordedeus!

com clusão

equilíbrio, meus caros, equilíbrio. ele é de fato meio mala, mas, pelo menos, busquem-no.

quinta-feira, julho 15, 2010

o mais maluco disso tudo é que a gente caminha caminha caminha pra voltar pro mesmo lugar. só que diferente. a gente muda na caminhada. e a gente vai andar porque tem alguma coisa errada. e tem alguma coisa errada porque aquele lugar não tá bastando, não tá preenchendo. aí, depois que a gente se bota pra andar, trabalhar, aprender, a gente volta praquele lugar que não tava fazendo sentido mas que agora faz. e não tava fazendo sentido porque faltava andar, trabalhar, aprender. olha que ciclo maluco.

do meu filme particular

cena de filme:

começa com ele me dando um livro do artaud de presente.

eu gosto, digo que será útil na viagem.

aí sentamos, ele desata a falar, chorar, falar, chorar.

aí passa.

aí chegam os pedaços de pizza.
minha portuguesa, dele marguerita.

aí eu. minha vez. tô puta, puta. e falo falo falo. xingo. hipócrita escroto dissimulado canalha. (nunca achei que eu fosse dizer essa palavra). ele diz: viu como dói?
esperneio sapateio no meio do salão. e os outros na mesa do lado naquele fingimento, "vou evitar olhar, mas to ouvindo tudo o que essa louca ta falando". foda-se.

aí - chega. quero ir embora, vamoembora.
tá.

aí lá fora. cigarro molhado, chuva insuportável na cidade que ficou fria do dia pra noite. aí me abraça. me abraça, não quero. e volto a falar. e falo. tudo. cuspo. que você nunca foi homem o suficiente. pra mim.não bastou. não foi. ele me chama de machista. não tem nada a ver com machismo, é questão de macho e de fêmea. simples assim.
ele: pior que eu sei disso. silêncio. olhos fixos.
eu sei disso.
eu sei disso.

aí vou pro carro.
ele parado do lado de fora.
eu desenroscando os fios do fone do ipod. levo horas nesse desatar um nó impossível. ele se aproxima pra ver o que tá acontecendo. eu abro a janela. mais chuva. ele na chuva. eu coloco um fone nele. ó o que eu vou ouvir, digo.
já lhe dei meu corpo minha alegria já estanquei meu sangue quando fervia olha a voz que me resta olha a veia que salta olha a gota que falta pro desfecho da festa por favor deixa em paz meu coração que ele é um pote até aqui de mágoa...

canto: pode ser a gota d'água. ele beija minha boca violento. ele me pega de jeito. homem. me beija e me beija e me beija. ele do lado de fora da janela do carro. ele diz que eu sou todas as mulheres do chico buarque. ele me beija tanto até que acaba entrando no carro pela janela mesmo, de onde ele estava. e a gente se pega e se entrega.
avenida paulista.

e qualquer desatenção, faça não.
pode ser a gota d'água.

terça-feira, julho 13, 2010

sou a assimetria em forma de gente.

sou curvilínea

melancólica

agressiva

eufórica

e

baixinha

segunda-feira, julho 12, 2010

sai culpacristã
me larga moralcatólica
sai seusrepressores estabilizadores da ordem
sai ordem
sai
sai
sai

eu não peço desculpas e nem peço perdão
eu sou assim ué
mais livre que os outros ué
eu sei lidar com essas coisas do desejo ué
"os normais tinham inveja de mim que era louca"
não que eu seja
sou só mais livre em determinados assuntos que os outros não aturam não compreendem não se conformam
que pode ser diferente
sou só diferente ué
não egoísta como ele quer
não escrota como ele quer
não dele como ele quer
não sou de ninguém e obedeço às minhas vontades ué
e não tá escrito em lugar nenhum que isso é crime
que isso é pecado
que isso é feio
não tá escrito
não existe pecado
existe respeitar a nós mesmos e aos nossos desejos isso é saudável não reprimível
não é egoísmo é sobrevivência
é vontade de viver
se ele não consegue me prender o problema é dele
se ele não me basta é ele quem vai ter que rever as suas atitudes como homem

chega de ficar na culpinha na mulherzinha no medinho
na inquisiçãozinha
na fragilidadezinha
sou mais mulher que isso de boa moça boa esposa boa mãe
sentar de perninha fechada e dar risada baixo
ter medo dos homens
ser fiel acima de tudo
sou fiel a mim

domingo, julho 11, 2010

Quero sentir isso tudo. Não pensar. Não agir. Não questionar. Sentir e só. Entender que as coisas chegam na gente e leva um tempo pra maturar. Não adianta querer responder automaticamente a tudo. Receber. Absorver. Amadurecer. E aí sim, responder. Com arte, com palavra, com ação, com música, do jeito que for. Mas deixar as coisas chegarem, abir as portas e janelas: entrem, venham, se acomodem. E fiquem por um tempo aqui comigo. Aí depois, só depois, posso dizer se entendi, se discordei, se odiei, se achei engraçado ou se sofri. Talvez eu seja meio lenta, mesmo. E tudo bem.

sábado, julho 10, 2010

Que chegou num ponto que não me resta mais alternativa. Aqui ficou insustentável. Agora é questão de fuga. Agora é questão de sobrevivência, de saúde. Preciso ir. Logo. E ponto.

quinta-feira, julho 08, 2010

estou eu aqui
dia se desfazendo na minha frente
eu envelhecendo
o tempo
e o tempo

os meus avós
ontem

sinto eu secando
atrofiando
preciso atuar agir criar
to parada
to só das noitadas vazias
falta a arte
ela
plena
nos tirando daqui e levando pra passear

(tava ficando cega e acendi a luz
ufa)

preciso ler me alimentar botar pra fora quebrar paredes

to com a força de um leão paralisada aqui dentro

quero sair

quero tirar daqui.

preciso dançar falar gemer

espremer o músculo da imaginação botá-lo pra trabalhar

lidar com o poético sublime. subjetividade para a minha sobrevivência!

chega de profano
chega de nhénhénhé
blábláblá

problemas insignificantes e conversas babacas

queria me propor a ficar três dias sem falar coisas babacas

queria me propor a só reagir quando fosse extremamente verdadeiro

queria me propor a não pensar em que roupa vou vestir e vestir qualquer uma que aparecer

queria me propor a ler um livro por dia

queria me propor a mudar os caminhos, as conversas, as pessoas sempre as mesmas, as músicas sempre as mesmas

sinto que esse mesmo mesmo mesmo vai acabar mesmo atrofiando o meu cérebro

um artista não pode parar nunca jamais never em hipótese alguma endurecer paralisar estagnar engessar endurecer nunca jamais

e estou meio assim acomodada por causa da viagem

mas a viagem

a viagem vai me tirar daqui me botar pra me virar revirar contorcer espremer te vira no alemão conhece gente teatro vê ouve frui tudo pela primeira vez da mesma forma quando cheguei neste mundo cão - virgem.

voltar a ser virgem
voltar a não entender nada
voltar pro estado de aprendizado profundo
viva o novo

domingo, julho 04, 2010

O amor é um oceano quentinho feito pra você soltar o corpo e boiar boiar boiar sem saber onde vão te encontrar (se é que vão). Pode ser que só encontrem seus restos espalhados, quebrando com as ondas na areia. Aqui uma perna, ali adiante um pedaço de rosto, mais ali uma mão. Pode durar anos. Ou segundos, a viagem. Pode atravessar afundar ou afogar.

E quando você estiver perdido em alto mar, em volta só os azuis que não te deixam definir o que é céu, ou se é mar, e a linha do horizonte te dizendo no ouvido: vem que eu to pertinho, vem que eu to pertinho, pare e desconfie. Se agarre numa ilhota, numa baleia ou pedaço de pau. Finque os pés no chão do mar. E experimente ficar aí, por alguns segundos.

Mas ele não vai deixar. Ele vai fazer de tudo pra continuar te levando. Vai mostrar toda a força que ele tem e escancarar a sua impotência. A sua mortalidade. Aquilo que em você é mais humano. Ele vai passar por cima. Alastrar.

É a ressaca absoluta. A maré enlouquecida, que vem e não quer saber. E toma onda na cabeça. Água no nariz. E você vai se sentir uma formiguinha, um inseto imbecil, correndo no mesmo lugar.

O amor é duro e líquido, como oceano.

O amor é pra valer: divino. e terrível.
escrever é a única arte que eu tenho praticado com constância.
é a única que faço sem me pedirem. faço porque quero. quando quero. e se quero.

mundana.

de tudo o que é de pegar, de comer, de sentir o gosto. de tudo o que é de sentir. de pele, de pelo, saliva, boca carnuda, corpo quente esquenta meu corpo, me embrulha pra presente e me leva pra passear nesta casa confortável que são suas coxas, sua nuca, seu cabelo.

me leva pro mundo, seu corpo, meu corpo encaixa no seu corpo.

sou de mim e do mundo. quem quiser que me leve, aproveite, me tome as rédeas, me oriente.

eu aqui, boiando neste oceano delicioso. solta. e calma.

sou mundana taurina imunda.

da matéria.
do de pegar, do de comer, do de cheirar. são esses que me movem.

agora sim. agora eu quero ficar pra todo o sempre neste edredom vermelho seu corpo cobrindo meu corpo, seu cheiro, seu gosto, seu todo absoluto e eu aqui largada, devota, escancarada. me leve, leve.

sou sua sou sua sou sua sou sua sou sua

só agora. a pro vei te .
só agora. se de lei te .

que eu passaria o resto dos meus dias nesse movimento. de dorme acorda. de amor. de amor. de come, dorme, acorda. me ama. me come.

esse amor que é concreto; tem gosto, tem cara, tem carne - o amor.

eu carnívora insaciável.

sanguinária. eu da raiva e do amor, uma ao lado da outra.

sábado, julho 03, 2010

pegue umas máscaras.
misture com carcaça, armadura, barreira, trincheira.
junte um disfarce.
bata com 2ks de ego.
100g de competitividade.

frite na frigideira, tudo junto.

pronto.

temos um relacionamento explosivo.

B U M