sexta-feira, maio 14, 2010

12/05/2009




Era assim que começava: o dedo indicador dele deslizando sobre o bico do meu peito que fica durinho na mesma hora em que me sobe um arrepio gostoso até o topo da cabeça. Eu enfio a mão entre os seus cabelos e puxo de leve trazendo a sua boca para chupar meus peitos. E de vez em quando ele morde. Era assim que começava. O mesmo dedo entra na minha calcinha e eu gemo enquanto aperto o seu pau com toda a minha mão. Arrancamos as roupas e sentimos o corpo um do outro por inteiro e ele enfia o pau em mim e eu gemo mais alto e aperto ele com a minha boceta. Era sempre assim que começava. E não sei se gemo de tesão ou porque às vezes sinto dor quando o pau entra. E sai. E entra e sai. E entra. E sai. Minha cabeça é minha maior traidora e traz pensamentos de Estêvão e Olívia. De amigas que me esqueceram. Do que comi ontem à noite. Me vejo gemendo pra agradá-lo, pra mostrar que tenho tesão com seu pau entrando e saindo de mim. Os movimentos continuam e se alternam entre reboladas e metidas mais fortes, mais fracas. Eu também rebolo enquanto penso que deveria estar envolvida com a transa e me dói o não sentir meu corpo, chafurdada em pensamentos cruéis. Ele aperta meus peitos. Eu lembro da viagem pra Rio Claro com o Estêvão. Ele segura minha bunda e mete com força. Penso nas rodas de samba quando meus amigos ainda sentiam a minha presença. Ele beija a minha boca. Eu amo esse homem que me come, mas preferia não estar trepando agora. To menstruada, tá ficando tudo sujo e meu pai está dormindo no quarto ao lado. E ainda tem esses pensamentos me aporrinhando enquanto eu gostaria – como gostaria – de estar sentindo tesão com o meu namorado que me fode com tanta vontade. Arranjo uma desculpa – falo que estou sentindo dor, que não estou à vontade, tenho medo de acordar meu pai. Ele pára depois de gozar. Desmorona. Eu saio do quarto para me lavar no banheiro e quando volto ele tem o meu diário nas mãos, aberto na página:
“- Eu posso ser o amante de qualquer pessoa, menos o seu, Sofia – disse o Estêvão. É, ele mesmo, que surgia assim, súbito. Susto. – Por quê não? – respondi perguntando. Engatei a primeira marcha e fui embora rápido. Só o vi apagando o cigarro na calçada molhada, pelo retrovisor. E já o reconheci como se nunca tivesse tido uma separação. Como reconheceria o meu próprio rosto no espelho...”
E as palavras fugiram em revoada, deixando-me quilômetros para trás olhando para ele, meus olhos trêmulos e nus. Agora eu estava nua diante dele. Sem palavras que me escondessem, sem desculpas que disfarçassem. Era eu. Meus olhos e meu corpo expostos verdadeira e dolorosamente. Ele foi embora depois de bater uma punheta ao mesmo tempo em que me masturbou. Levou meu sangue com ele.

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