sábado, julho 01, 2006

Não vou-me embora pra Pasárgada

Traumas e tabus impiedosos escorrem entre os homens nas avenidas e calçadas. Homens que vão do nada para o lugar nenhum, algum silêncio procuram procuram sem cessar. Meninas-mulheres que nem peitos têm, já abrem as pernas para o desconhecido de pentelhos grisalhos e não gozam. Quase não gritam. Ouvi dizer que choram engolindo o choro quando deparam-se, sozinhas, consigo mesmas. E quando, raramente, apaixonam-se. Crianças que já nascem cansadas da vida que lhes foi reservada (você já viu criança cansada?). Sem nome e sem cara de criança: aborto. Fome que dói no peito, que rói a cabeça, cria carcaça. Meninos que vão à caça de revólver na calça e droga no bolso não são absolvidos. Mas absorvidos pela terra de que quem pode, pode. Não sei se há Pasárgada, mas se houver, acho que hoje em dia as coisas lá, estão muito parecidas com as de cá.

2 comentários:

marcio castro disse...

ser amigo do rei pode ser que me tire destes olhares para o mundo.

quem sabe uma casa com piscina em Cabo Verde onde não há saneamento básico e as pessoas são desidratadas sumam, se caso eu estiver na casa deste rei.

reafirmo. não quero fazer alusão nenuma ao rei de Bandeira. uso só a expressão.

Cristiano Gouveia disse...

Dizem que por esses dias o Rei de Pasárgada, após tentativa de ver um jogo da Copa do Mundo, foi encontrado entre cães nas ruas não tão alegres de certa Alemanha...