domingo, junho 25, 2006

Insones

Despertar nos momentos insones e ir à janela para observar o movimento improvável da Avenida São Luís, segunda-feira, 2 e meia da mañana. Nas insones horas centrais, o movimento incompreensível da avenida de luz amarelada me atrai e eu busco um binóculo. Dois moleques sentados no meio-fio, em aparente silêncio, numa calma quase estranha para uma Duas-e-meia-da-manhã central, plena segunda-feira, carros esparsos e dispersos. A luz que ilumina os meninos, clareia também uma menininha que anda em círculos ao redor do poste do século XIX, e em seguida entra num fusca preto que parte. Imagino por um curto instante o possível destino do fusca e da criança estranhamente acordada na madrugada da cidade. Já foram. E os moleques amarelados do meio-fio, quietos, compactuam do silêncio deles, da avenida e de mais ninguém. Talvez um pouco meu também. Meu e da insônia que me traz para escrever. Mas entre o não-sono e a insônia, opto por escrever. A cidade e seus ruídos raros da madrugada me fazem companhia na jornada dos que não dormem quando deveriam. Zumbis e crianças no meio-fio, encontram-se, dispersam-se, ruídam-se e compactuam-se no silêncio da São Luís, do centro da cidade que aparentemente ronca.

2 comentários:

marcio castro disse...

me identifico com estes textos também. me parece ser um pouco o ambiente in - hospito no qual gosto de frequentar. bem vinda ao mundo dos blogs e noites sem sono, e a sacudidas de cabeça e a choros compartilhados pelas vias da internet sem refreios e refrescos no dia de bom sol.

Cristiano Gouveia disse...

Texto versão feminina dos contos de Castro. O Marcio.