sexta-feira, agosto 29, 2008

os de nós

Será que é de escrever que preciso?
Mesmo que escrever não seja preciso.
Mesmo que viver seja inventar a cada dia um dia novo. Porque a tendência é todo dia ser igual. Sol nasce. Flor murcha. Nuvem passa. Nós, seres de carne e sentimento, de cimento e ciúmes, nós é que inventamos que um dia é diferente de outro dia. A natureza é sempre ela, tem ciclo, tem tempo, mas não está mais feliz num dia do que no outro. Não está de bom ou mau humor. Ela s i m p l e s m e n t e está. E convive com seus semelhantes simplesmente estando. Nós é que destruímos e nos deixamos destruir pelos semelhantes. Nós é que fazemos barulho no sono dos outros. Nós é que engarrafamos o mundo. Nós é que. Nós é que.
Mesmo que escrever não seja preciso, nós é que escrevemos.

às vezes, é o que me resta. noutras, o que me basta.

3 comentários:

Isis Galvão disse...

Muito boa essa reflexão, Sofs!

A natureza é plena, ao contrário desse poço inscontante que somos nós.

Nós é que...!

Um beijo saudoso pra ti, chiquita
Isis

marcio castro disse...

passei e passeei.

escrevi, por que as vezes é de palavras que se faz o tapete das caminhadas do ser. inda mais se as caminhadas acotecem pelos fios amarelos do computador, que se ligam aos postes da cidade cinza linda.

ana disse...

É tão difícil dizer o óbvio, sô. ("Surpreenderá a todos, não por ser exótico, Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto, Quando terá sido o óbvio")
Vc faz com originalidade.