bom, eles vem sempre, direto, cotidianamente.
isso me deixa feliz e angustiada, ao mesmo puto tempo.
1. feliz:
porque desejar é bom. é sinal de que estou viva. muito viva. pulsando. querendo. sinal de que a vida me atravessa, de que abro espaço pra ela entrar.
2. angustiada:
porque vivo numa sociedade baseada, há séculos, numa Moral cristã-monogâmica-casamento-felizes- para-sempre-na-saúde-e-na-doença-na-alegria-e-na-tristeza, onde a família é super valorizada, em que se condena brutalmente todos os tipos de desejo, e, em especial, aqueles de natureza extra conjugal.
e porque não posso tocar neste assunto. nem com meu cônjuge que eu amo tanto.
é que a minha cota bicho não me deixa esquecer. tampouco me imuniza do desejar.
e a cota bicho é egoísta mesmo. e isso é necessariamente ruim? ou será, pura e simplesmente, natural?
era uma vez uma mulher que vivia há um certo tempo sob a égide da monogamia. e se descabelava.
era uma vez uma mulher que se apaixonou por dois homens ao mesmo tempo quando tinha quinze anos de idade. e descobriu que era possível. e impossível, ao mesmo puto tempo.
era uma vez uma mulher que amava muito. tanto. que cabia se apaixonar por um, dois, cinco de uma vez.
e queria experimentá-los, todos. ela não era bruxa, nem histérica, nem vadia.
ela era uma mulher.
e uma mulher é uma mulher.
um homem também é um homem e também carrega dentro de si uma cota bicho considerável.
me atrai esse animal que existe em nós - seres homens e mulheres.
me cativa, me prende, me impulsiona, me atormenta, me amedronta, me seduz.
esse lugar que ainda não foi colonizado por completo.
deve ser por causa da minha herança indígena brasileira. ou da minha herança-macaco. ou por conta da minha herança homem das cavernas. não havia monogamia nas cavernas.
mulheres e homens são bichos lindos e cativantes e é uma perda gigantesca e avassaladora não podermos nos relacionar como realmente gostaríamos.
como bichos livres; como homens e mulheres civilizados.
domingo, julho 31, 2011
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2 comentários:
acho que o problema é menos habitar essa sociedade monogâmica e mais deixar essa monogamia habitar você. século XXI baby, tudo cabe. a família não manda tanto assim, as famílias são o que a gente chamar de família. acho que nossa geração mais ultravaloriza os desejos do que os condena. mais importante do que pactuar com uma convenção com a qual não nos identificamos (fujamos disso!) é pactuar com nossos parceiros de vida. no final acho que são arranjos que se fazem a dois, a três, a quantos forem.
abrir mão da cota bicho está fora de cogitação.
bancamos?
assinado Luanda
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