quarta-feira, julho 06, 2011

dia mundial da falta de voz

perdi, literalmente, a voz.
Engoli um sapão. Uns, talvez. Que bloquearam a minha faringe, e colaram as pregas vocais umas nas outras impedindo a passagem do ar. Daí, calei. Emudeci. Sussurrei bem baixinho o dia todo. Quem ficou perto de mim pôde experimentar a sensação de falar, falar, falar sem ser interrompido. E daí, num certo momento, se entediaram. Se cansaram da minha muda companhia.

Deixei de falar na hora que tinha que falar e agora não falo nunca mais. Sem voz, sem lugar.

Até me perguntaram se eu era muda.

Imagina? Me senti mesmo, várias vezes, como uma muda e só sei que deve ser bem difícil. Mas também, ao mesmo tempo, vi que tem muita coisa desnecessária que deixo de falar. Basicamente tudo, eu diria. As falas por necessidade mesmo são algumas, poucas, ao longo de um dia. O resto vem pra tapar lacuna, preencher o tempo, soar simpatico etc etc.

Contra a mudez, é preciso se colocar na hora certa e da maneira certa.

Ontem fui dormir pensando nisso. Hoje acordei sem voz. Realmente. Preciso plantar meus pés no chão e aprender a dizer uns NÃOS de boca cheia, redondos e sonoros. E me fortalecer de mim. Convicção e confiança. É disso que preciso mais do que nunca. Fiel a mim. Sabendo de mim. Observando o que está ao redor, sem ficar sonsa, distraída, me perder. Não dá mais pra me perder.

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