segunda-feira, setembro 21, 2009

Aniversário

Tudo o que me distancia daquela que fui aos quinze é tudo o que me aproxima do que de original havia em mim. Do que vinha de dentro, embora pareça tão exterior, aquele conjunto de atitudes, comentários e risos daquela que fui aos quinze. Aos quinze nunca se é - se está vindo a ser - sem querer me meter no vir a ser xodó dos filósofos. Era mais um algo de se transformar diariamente, de pegar o jeito que a amiga falava para si, de cair na gargalhada, de não fazer nada de útil o dia todo, de ficar cinco horas e meia no telefone com uma amiga, desligar e ligar pra outra, para uma nova conversa, de, tá, 2 e meia. De fumar maconha e enlouquecer, de ver filme cabeçudo, de viajar com uma penca de amigos em qualquer feriado que aparecesse. Tudo beira a nostalgia, bate nas paredes da cabeça que é memória pura, e a gente finge que um dia foi aquele que a gente imagina que a gente foi. Pode não ter sido nada daquilo, mas a minha memória escolheu que fosse assim. Que aquela de cabelo comprido partido ao meio, que cantava Mutantes e os alquimistas estão chegando é algo que faz tão parte de mim quanto o meu cabelo curto de hoje. Aquela que não sabia de si é uma anterior a outra que começa a se familiarizar consigo mesma. Crescer é esquecer coisas e lembrar outras. É sentir saudades da que fui e orgulho de quem sou hoje e medo de encarar o buraco que se mostra aos poucos. Que se revela. Todo aniversário me sinto só. Que é algo que diz respeito a mim e só. Mas sempre sinto a necessidade gigantesca de ter muitos por perto.

sexta-feira, setembro 18, 2009

Sobre a Nota enviada à Imprensa a respeito da ELT, a Comunidade escolar tem a dizer o seguinte:

Nossa questão essencial, que para a Prefeitura - por desconhecimento ou conveniência - continua sendo tratada apenas como coisa acidental, é que não se trata de um ingênuo "ajuste" administrativo, como se quer fazer crer. Depois de oito meses - não são oito dias - de incessantes tentativas de diálogo com a enviada pelo governo e com o Secretário, o que temos visto é o desmantelamento diário do projeto ELT nos seus aspectos mais essenciais, já relatados: o da gestão democrática e o de uma pedagogia específica, esta em bases radicalmente experimentais e livres, sobre a qual estão assentados três pressupostos, estes sim, inegociáveis (mas que não definem um "modelo", como diz a nota - definem uma prática aberta):

1) O de que o mestre da ELT e suas coordenação sejam ARTISTAS com algum lugar de inquietação no panorama teatral e oriundos de experiência artística que esteja contribuindo de alguma forma com o alargamento das linguagens do teatro no Brasil ;

2) Que este mestre tenha vocação para dividir com os aprendizes não um "programa de aula", mas uma experiência artística e de maneira horizontal - com suas variações estéticas e técnicas, que é a Experiência do próprio artista, aqui colocado na posição de mestre. Não é por mero formalismo que não adotamos os termos "professor" e "aluno" ("aquele que não tem luz") na escola. É que não há uma grade curricular pronta, nem toda aquela visão do ensino "bancário", como diz Paulo Freire, que vê o aprendiz como um receptáculo para o "depósito" de informações muitas delas estranhas ao seu próprio desejo de SER no mundo. O que há é uma relação de parceria entre criadores, mestres e aprendizes, de maneira que o "programa" de aula vá se estruturando neste encontro livre entre um repertório artístico já sedimentado, mas em pleno e inqueto movimento (o do mestre) e o universo de expectativas de expressão daquela turma específica de aprendizes e as suas visões de mundo. Isto não é simples, é sempre um desafio complexo, mas que tem resultados extraordinários tanto para os aprendizes quanto para os artistas que se colocam esta tarefa. Sobre isto, temos o maior orgulho em dizer que uma parte considerável entre os mais importantes artistas do cenário nacional "aprenderam a ensinar" teatro na ELT e esse aprendizado foi fundamental para alimentar as suas próprias práticas artísticas. Consulte artistas do porte de Cacá Carvalho, Tiche Viana, Luis Alberto De Abreu, Antônio Araújo, Hugo Possolo, Sérgio de Carvalho, J.C. Serroni, Denise Weinberg, Cristiane Paoli Quito, Francisco Medeiros, Márcio Tadeu, Cláudia Schapira. E veja o que eles têm a dizer sobre este aspecto.

3) O exercício da gestão democrática - Não precisamos de lições de democracia porque nossa prática a respira, dia a dia. E aqui não se trata de uma falácia - que o papel aceita pacificamente e os correios eletrônicos enviam pacificamente às redações dos jornais. Trata-se de um exercício ordinário feito na Escola, que encontra espaço dentro do próprio processo pedagógico - em que os lugares de professor e aluno são substituídos pelos lugares de parceiros de criação e pensamento - e nos incontáveis fóruns coletivos de discussão e deliberação dos problemas da Escola - nos quais, diga-se, o papel de protagonismo nem é dos mestres, mas dos aprendizes. Não é à toa que são eles - os aprendizes - que agora lideram as manifestações de rua, os contatos com os vereadores da cidade, os contatos com a Imprensa. É que há uma noção de pertencimento plantada no mais íntimo de cada um deles. Eles têm consciência de que a ELT não é do governo de plantão, mas da comunidade que a constrói dia após dia, em uma experiência que é exemplar para todos, em termos artísticos, éticos e políticos.

Com este breve relato - que nem de longe alcança todos os pormenores de um projeto de formação complexo como o da ELT, mas que aponta o seu essencial - temos certeza que os argumentos da "Nota à imprensa" divulgada pela Secretaria não sobrevivem.

Quando o Secretário demite sumariamente o mestre Edgar Castro, há onze anos um construtor efetivo deste projeto; e quando envia para a Escola alguém que não tem a menor idéia do que significa a criação teatral verdadeira e julga uma aberração as práticas de convivência e criação relatadas acima, não nos parece que isso deva fazer parte da paisagem. Seguindo os mesmos pontos elencados acima como os fundamentos do projeto, reafirmamos que trata-se de uma operação de desmonte da essência, articulada em um discurso que parece inofensivo, mas que a própria prática desmente. Por isso permanecem algumas contradições, que gostaríamos de ver esclarecidas.

- A escolha da coordenadora, amiga de infância do Prefeito Aidan Ravin, em bases afetivas, na prática da política não como coisa preocupada com a Pólis, com a cidade, mas com os ambientes da intimidade, com os laços fraternos e particulares de afeto, a velha confusão conveniente entre o público e o privado. A esse respeito, a Secretaria em sua nota reafirma os anos de magistério da Professora Eliana Gonçalves - o que para nós não diz nada, porque a ELT se afasta deliberadamente das coordenadas do ensino formal. Mas aqui o problema é ainda maior: é que a nova Coordenadora, passados estes oito meses, até agora não propôs linha pedagógica NENHUMA, nem as elencadas na nota da Secretaria, nem nenhuma outra. A Comunidade escolar permanece, neste tempo, esperando que o declamado repertório venha à tona, para que possamos colocá-lo em movimento à luz da História da ELT.
No capítulo "Experiência artística" o caso parece ser ainda mais grave, pois salvo engano, a despeito da sempre lembrada mas nunca esclarecida Experiência, a Professora Eliana Gonçalves, é um exemplo provavelmente sui gêneris de artista anônimo, de quem nunca se ouviu falar, sobre quem a classe artística nunca ouviu nenhuma notícia de criação relevante. Também estamos há oito meses - desde que ela se apresentou aos mestres da ELT dizendo gentilmente que não conhecia nenhum deles - à espera da Obra e dos prêmios conquistados "desde os 17 anos", como diz a nota. Gostaríamos de saber por que esta carreira adormecida foi agora repentinamente lembrada, em nota à imprensa, e NUNCA compartilhada no ambiente escolar, como é a prática mais fundamental da Escola. Esta seria uma ótima oportunidade de a Prefeitura prestar contas sobre as suas escolhas em um campo mais técnico e menos afetivo.

- A redefinição dos espaços de convivência coletiva da escola, transformados em feudos, ambientes privados e de uso pessoal, acrescida de uma política administrativa que "disciplina" não só estes espaços, mas os próprios lugares de poder - antes horizontalizados e agora verticalizados na forma do "professor manda, aluno obedece", "coordenador decide, professores cumprem". Não se trata, como parece crer o Sr. Secretário, de "organizar a casa". Trata-se de uma operação de "higienização" e substituição dos lugares da convivência comum, onde o contato comunitário viceja e, no lugar destes, a criação de espaços pautados na hierarquia e no mando, em tudo estranhos à nossa identidade. De novo: o que é tomado como acidente, como "questão de ajuste" para nós é essência.


- Cortaram a cabeça da Escola e salvo engano planejam - pelas especulações e ameaças veladas feitas pela nova coordenadora - cortar os seus membros, na sequência, provavelmente para dar prosseguimento à política do "empreguismo amigo" já iniciada. Isto é um fato que merece esclarecimento. Até agora a Prefeitura não justificou tecnicamente a saída do mestre Edgar Castro - este sim, um artista verdadeiro (hoje do elenco da premiada Companhia Livre). A Comunidade espera uma justificativa factível.

Por fim, mas não menos grave, há duas questões: a dos investimentos na Escola e a questão da legitimidade do governo eleito.

Quanto à primeira, o investimento anunciado na Escola é o usual, herdado da gestão anterior. Não há ampliação dos serviços e do atendimento à população. Reconhecemos, entretanto, que isso não é pouco. No recorte é atitude admirável e demonstra a disposição do governo eleito em preservar estruturalmente o projeto. Mas, como relatado acima, isso não diz tudo. Preservar a Escola modificando nela o essencial é o mesmo que manter dela apenas a fachada e usar a sua História arduamente construída em benefício de práticas em tudo estranhas a ela.

Quanto ao tema da legitimidade do governo eleito, consideramos que há um equívoco, uma inversão preocupante na nota do Secretário enviada à imprensa. O fato de o Prefeito ter sido eleito pelo voto não dá ao governante o direito de fazer com os equipamentos públicos o que bem entender. É PRECISAMENTE, justamente porque ele foi eleito democraticamente que, democraticamente, a Sociedade Civil pode, e deve, colocar em questão as práticas de governo. Entendemos que uma eleição é um acordo ético entre o eleito e os cidadãos. Se o eleito não cumpre minimamente o acordado, a Sociedade deve se posicionar criticamente - é o que neste momento está acontecendo, quanto à ELT.

É o que a Comunidade ELT tem a dizer.

Santo André, 18 de Setembro de 2009
ENQUANTO A QUESTÃO - ESCOLA LIVRE DE TEATRO NÃO SE RESOLVER, ENQUANTO A COMUNIDADE ELT NÃO FOR OUVIDA PELOS POLÍTICOS DE SANTO ANDRÉ, ENQUANTO NÃO TIVERMOS O NOSSO COORDENADOR EDGAR CASTRO DE VOLTA, NESTE BLOG SÓ SE IRÁ LER A RESPEITO DESTAS QUESTÕES, SÓ SERÃO PUBLICADAS MATÉRIAS FOTOS, PENSAMENTOS E DISCUSSÕES SOBRE ESTE ASSUNTO.
Artistas da ELT divulgam manifesto de repúdio
Manifesto critica a postura da Secretaria de Cultura da cidade e diz que a “predisposição à luta” vai continuar; em mostra durante a semana coletivos teatrais se unem com arte

Por: Thiago Domenici
Publicado em 18/09/2009

Carta entregue ao Sec. de Cultura pela atriz Leona Cavalli na sexta-feira (11); readmissão de Edgar Castro e afastamento de Eliana Gonçalves não foram atendidos (Foto: Lucas Duarte de Souza)

O movimento de aprendizes e mestres da Escola Livre de Teatro (ELT), em Santo André, divulgou nesta sexta-feira (18) manifesto em repúdio à carta resposta da Secretaria de Cultura que não justificou a demissão do coordenador pedagógico Edgar Castro, há 11 anos mestre da ELT. “Quando uma comunidade como a ELT – absolutamente regida por uma práxis democrática – clama pela permanência de um profissional respeitadíssimo não só por esta comunidade, mas com o apoio substantivo de outros cidadãos (e nem simples semelhantes: para muito além do campo teatral) que incorporam-se à luta; quando estas comunidades esbarram na arrogância e ignorância do poder constituído, com quem será que a autoridade conta para legitimar-se no poder?”, diz trecho do manifesto.

Leia mais:>> ELT é "apaixonante", diz aprendiz
Prefeitura responde às reivindicações da ELT em carta oficial>> Escola Livre de Teatro em Santo André vive drama e pede "volta da autonomia">> Veja o blog do movimento ELT em Alerta
>> Deixe seu recado para a ELT

Procurada pela reportagem da Rede Brasil Atual a Secretaria de Cultura não deu resposta à pergunta sobre a motivação da demissão de Castro, alegando que a carta enviada à imprensa é a posição oficial. O manifesto, divulgado após manifestação nesta quinta-feira (17) na câmara municipal de Santo André, diz ainda. “Salvaguardadas todas as proporções históricas, Edgar Castro foi expulso e condenado à errância fora das instituições de ensino de Santo André, por motivos absolutamente imponderáveis e idiossincráticos.”

Negociação

Edgar Castro afirmou à Rede Brasil Atual que propôs a Secretaria de Cultura de Santo André que pudesse voltar como mestre, após fazer a transição do cargo de coordenador pedagógico para a pessoa indicada pela secretaria. A contrapartida seria acatar o pedido da comunidade artística da ELT de transferência de Eliana Gonçalves, coordenadora administrativa, há oito meses no cargo. “Você tem um filho na escola e toda a escola diz que não quer a coordenadora que o dono da escola colocou lá porque ela atrapalha, prejudica, atravanca, parece que é tão óbvio que o problema não está no coordenador pedagógico reconhecido e aprovado pela comunidade”, protesta Castro.
O ex-coordenador afirmou ainda que existem mecanismo legais da sociedade civil para coibir o que julga "abuso de poder" caso permaneça o impasse entre o poder público e os aprendizes e mestres da ELT. “É uma clara postura fechada e surda do poder público”, finaliza.

Mostra ELT em Alerta

Como forma de manter acessa a “predisposição a Luta” o movimento ELT em Alerta preparou uma Mostra entre os dias 21 e 25 de setembro. Na programação companhias parceiras como Cia. São Jorge, Cia. do Nó e Cia. Veraluz entre outras. Abaixo, a íntegra do manifesto:

Manifesto Escola Livre de Teatro de Santo André
Dürrenmatt disse: se o teatro fosse eliminado da história do mundo, poucos seriam aqueles que perceberiam tal supressão. Entretanto, Santo André seguramente seria um dos espaços em que essa ausência se faria notar, tendo em vista que neste município, localizada em Santa Terezinha encontra-se a Escola Livre Teatro, fruto de um dos mais belos sonhos em que a estética é conciliada à pertinência política, constituído por tantos Quixotes com os pés plantados no chão e os olhos descortinando a história, num significativo processo de lutas e conquistas em prol do melhor teatro já feito no Brasil, reconhecido não apenas pelos cidadãos andreenses, paulistas e paulistanos, mas por inúmeros coletivos de teatro espalhados pelo mundo afora e adentro. Múltiplos são os teatrólogos, dentre os quais pode ser citado Bertolt Brecht, que foram obrigados pela ascensão de Adolf Hitler ao poder, eleito por um terço da população alemã, a errar pelo mundo, perseguidos pelas concepções de que o teatro representava muito mais do que mero entretenimento. Junto com Charlie Chaplin, Bertolt Brecht foi expulso dos Estados Unidos da América por um Tribunal constituído por “democratas” condenado por políticas antiamericanas (leia-se, para muitos, comunistas). “Salvaguardadas todas as proporções históricas, Edgar Castro foi expulso e condenado à errância fora das instituições de ensino de Santo André, por motivos absolutamente imponderáveis e idiossincráticos.”Quando tem-se autoridades constituídas, eleitas por parte da população, em um contexto democrático, no mínimo, há que se estranhar atitudes de imposição de uma profissional não afeita às artes cênicas em uma escola de formação de atores. A quem tais pessoas precisam prestar contas de seus atos se não aos cidadãos que os elegeram e os colocaram na instância de poder? Que outra razão senão a arrogância explica a atitude exarada pelos detentores do poder da hora, na medida em que o período de sua permanência dura apenas quatro anos? Que prepotência pensar que podem combater 20 anos de história, de luta, de sabedoria. “Quando uma comunidade como a ELT – absolutamente regida por uma práxis democrática – clama pela permanência de um profissional respeitadíssimo não só por esta comunidade, mas com o apoio substantivo de outros cidadãos (e nem simples semelhantes: para muito além do campo teatral) que incorporam-se à luta; quando estas comunidades esbarram na arrogância e ignorância do poder constituído, com quem será que a autoridade conta para legitimar-se no poder?” Carlos Drummond de Andrade no poema Infância afirma que a nossa história é mais interessante que a de Robson Crusoé. O mesmo poeta afirma um pouco adiante que “esse é um tempo de partido”. Conciliando, portanto, Infância ao poema Nosso Tempo, a trilha que se tem tenta nos lamber como uma tsunami raivosa e desrespeitadora. Como é que se dá a prática democrática nesse país depois de mais de 20 anos de barbárie imposta à população brasileira pelo golpe de 1964? Como os democratas brasileiros conversam com outros democratas? Evidentemente que não pode ser por decretos e editos mandarinescos. “Agora não pergunto mais aonde vai a estrada Agora não espero mais aquela madrugada Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser faca amolada” Um abatido – mas, entretanto, repleto de garra, de força, de predisposição à luta - fim de tarde de inverno andreense e paulistano,

Comunidade da Escola Livre de Teatro
Demissão na ELT pode ter motivação política
Edgar Castro também disse que atual coordenadora administrativa é amiga de infância do prefeito; aprendizes protestam com arte na Câmara

Por: Thiago Domenici
Publicado em 17/09/2009

Protesto feito pelos aprendizes na sexta no Paço Municipal de Santo André (Foto: Lucas Duarte de Souza)
Santo André – O coordenador pedagógico da Escola Livre de Teatro (ELT), Edgar Castro, disse nesta quinta-feira (17) que sua demissão ocorreu sem justificativa e que a autonomia da escola foi quebrada após a escolha da atual coordenadora administrativa, que é “amiga de infância do atual prefeito” de Santo André, dr. Aidan Ravin (PTB). A escolhida, no caso, é Eliana Gonçalves, há oito meses no cargo.
Na tarde de quarta-feira (16), entre a comissão da ELT com o diretor de cultura, Pedro Botaro, foi dada a seguinte argumentação quando o grupo questionou a demissão de Castro: “Não podemos dar nomes. Foram nossos agentes políticos”, segundo relato dos aprendizes que participaram da reunião.

Leia mais:>> Prefeitura responde às reivindicações da ELT em carta oficial>> Escola Livre de Teatro em Santo André vive drama e pede "volta da autonomia">> Veja o blog do movimento ELT em Alerta

“Na reunião em que fui demitido pelo diretor de cultura, ele me disse que um dos motivos foi minha ‘falta de afinação com a coordenadora' e que, portanto, não precisavam mais dos meus serviços", disse Castro, que há 11 anos é professor da escola.
Chateado, o professor não se conforma com o que chama de "abuso de poder" da autoridade pública.
“Personalizar a discussão é um absurdo. Na verdade o que existe é um movimento de uma comunidade inteira dizendo que as atitudes tomadas pela professora Eliana Gonçalves são atitudes que agridem o projeto pedagógico e é muito curioso que a Secretaria não dê ouvidos pra isso. Qual a justificativa? Qual a razão para eu ser afastado não só do cargo de coordenador pedagógico, mas da Escola?”, indaga.
Perguntado se acredita numa resposta oficial sobre sua demissão, Castro se diz sem esperança. “Se me for dada uma resposta clara sobre o meu afastamento, eu saio. Se houver uma razão plausível, eu saio. Não nasci grudado nessa cadeira e nem vou morrer grudado nela", desabafa.O ex-coordenador e cerca de 100 aprendizes da ELT participaram de um protesto pacífico na Câmara Municipal da cidade, contra a falta de autonomia e solicitaram apoio dos parlamentares.
Com 17 anos de existência, a escola sempre foi pautada pela liberdade, inclusive, com a escolha democrática de seus gestores. Eles querem não só o retorno de Castro, como a transferência de Eliana e a volta do diálogo. Os aprendizes Lilian Cardoso e Mario Augusto Simões falaram sobre a importância da autonomia aos parlamentares e foram muito aplaudidos ao final. No encerramento, com o plenário lotado, todos os estudantes cantaram o hino da ELT.
A Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Santo André afirmou à Rede Brasil Atual que não pretende justificar nos próximos dias a demissão e que mantém oficialmente a posição expressa em carta apresentada nesta quinta-feira (17) e assinada pelo secretário, Edson Salvo Melo.
O comunicado oficial pondera inúmeras questões da carta entregue pela atriz Leona Cavali ao secretário de cultura na última sexta-feira (11), mas não responde conclusivamente as reivindicações dos aprendizes e mestres da ELT.Segundo a aprendiz Carolina Splendore as aulas continuarão suspensas e em assembléia permanente. “Estamos programando para a semana que vem uma mostra chamada ELT em Alerta que já tem o apoio de mais de 30 coletivos de São Paulo, vamos colocar a programação no blog”, finalizou.
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quarta-feira, setembro 09, 2009

URGENTE! ALERTA ELT!

A Escola Livre de Teatro de Santo André (ELT), projeto artístico-pedagógico que se firmou como referência para a formação de atores no Brasil e que se aproxima agora dos seus 20 anos de enraizamento na cidade, acaba de ter seu coordenador, o ator Edgar Castro, sumariamente demitido.

Nesta sexta-feira, onze de setembro, artistas representantes dos principais coletivos de artes cênicas das cidades de Santo André e São Paulo - entre os confirmados as atrizes Maria Alice Vergueiro e Leona Cavalli, o ator Antônio Petrim, os diretores Francisco Medeiros e Cibele Forjaz - farão um ato público em prol da manutenção do projeto artístico-pedagógico original, que se encontra ameaçado.

Internacionalmente conhecida por seu projeto inovador desde sua fundação, em 1990, a ELT foi idealizada pela artista-pedagoga Maria Thaís Lima Santos, (hoje professora doutora da USP e coordenadora do TUSP), e coerentemente transformada pela experiência e pelos diversos mestres que passaram por ela tais como: Luis Alberto de Abreu Antonio Araújo, Tiche Vianna, Francisco Medeiros, Cacá Carvalho, Renata Zhaneta, Cibele Forjaz, Cláudia Schapira, Denise Weinberg, Sergio de Carvalho.

Da palavra "Livre" - presente no nome da Escola - emerge um campo pedagógico próprio, que pressupõe o conceito de deliberação coletiva, derivado do contínuo diálogo entre mestres, aprendizes e funcionários (constituintes legítimos da comunidade ELT), num processo de não-hierarquização, radicalmente contrário a imposições.

Desde o final do ano passado, após a eleição do atual prefeito Dr. Aidan Ravin, a comunidade da Escola Livre de Teatro tem se reunido para conhecer o projeto cultural para a cidade de Santo André. Em 28 de novembro, organizou um ato público, o Encontro Cultural da Cidade, quando se esperava como convidado principal Dr. Aidan Ravin. O então futuro prefeito não compareceu, mas fez-se presente através de seus assessores e do vereador recém eleito Gilberto do Primavera, que firmou publicamente seu compromisso com a cultura da cidade e com a manutenção do projeto original da ELT.

No entanto, como primeira medida, designaram para escola uma nova coordenadora não pertencente ao quadro de mestres e desconhecedora do projeto em curso. Em assembléia geral da escola, em 3 de fevereiro de 2009, com a presença de toda comunidade ELT e da coordenadora, o atual Secretário de Cultura, sr. Edson Salvo Melo, não só reiterou a continuidade do projeto artístico-pedagógico como também acenou a reforma física do prédio da ELT, readequando o espaço para as atuais necessidades da escola.

Passados oito meses da nova gestão, de contínuas tentativas de diálogo entre a comunidade, a coordenadora sra. Eliana Gonçalves e os funcionários também recém transferidos para a escola, encontros mediados pelo coordenador Edgar Castro (mestre da escola há 11 anos), fomos surpreendidos por esta repentina demissão feita pelo diretor de cultura Sr. Pedro Botaro no dia oito de setembro.

No ato público os artistas entregarão uma carta ao Secretário de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo, sr. Edson Salvo Melo. A idéia é pedir que se reveja a demissão de Edgar Castro - escolhido democraticamente pela comunidade escolar e com ampla aderência de todos - e a que se possa dialogar sobre a presença da sra. Eliana Gonçalves.

A concentração para o ato será às 14h em frente à ELT:
Praça Rui Barbosa s/ nº, bairro Santa Terezinha, Santo André.
Segue em passeata até o Paço Municipal de Santo André.

Os interessados também poderão participar do movimento que reivindica a manutenção do projeto pelo blog: http://www.movimentolivre-sa.blogspot.com/

Assessoria de imprensa:

Carolina Splendore Cameron carolsplendore@gmail.com
Tel. 3705-0741 / 8144-8350

Mariana França mari_arcadia@yahoo.com.br
Tel. 8216-2683


http://www.youtube.com/watch?v=DYxK8cbCSiY

quinta-feira, setembro 03, 2009

Da série COLAPSO

Pseuda paz

Psicos

délicos

somáticos

cóticos

trópicos

come come come
vomita

bebe bebe bebe
desmaia

trepa trepa trepa
machuca

incha incha incha
explode

qual é o ponto?

até onde se aguenta

o corpo

a cidade

a carência

a miséria

a desumanidade

Qual é o ponto?
A ponte?
Atravessar o rio. Encarar a tempestade.

Tanto bate até que fura.

Existe ponto final?

Por
um
triz

A cidade se organiza num fio de navalha
cama de pregos
em cacos quebrados no chão sob os pés descalços

Vai explodir.

Meninas e meninos nascem sem parar
sem parar carros novos chegam às ruas abarrotadas
agentes do CET não param de se multiplicar invasão amarela e marrom
motoboys se atiram nos carros todos os dias

Qual é o limite do insuportável?
Quanto mais o ser humano pode suportar?

Ficar três horas fechado dentro de um carro com milhões de outros carros ao redor. Entalados.
Respirar ar preto.
Passar fome.
Cansaço.
Trabalhos terríveis.
Televisão mundo de merda.
Turbilhão de corrupção nojenta.

Até quando?

Carência

Carece de ter coragem
Esquece da coisa que foi e vai ver
Procura saborear
de olhos desritmados
Venha ver o sol que sobrou pra nós

Venha ver o asfalto que pintou

A parede que cresceu
entre minha janela e o mundo

conhece-te a qualquer preço
antes que te esquece
te desconecte