Por mais que doa, que seja, que fuja.
Ainda que restem um, dois, três caroçinhos de ingenuidade.
E mesmo que anoiteça cedo quando se quer que o dia não acabe nunca.
E que a vida toda ande com as próprias pernas, sem nos causar tanta inquietação.
Por mais que a civilização gere um terrível e eterno mau-e-bem-estar.
Qando não tiver mais soluço para soluçar, e pestana para lapidar.
Como se fôssemos todos patinhos que seguem rumo ao sul, ou gaivotas que vão à pesca, ou ainda, sapos que são engolidos por cobras inofensivas.
Ainda assim. Vale.
Mesmo em pleno inferno astral, ou numa viagem de carro quando o lá não chega nunca. Mesmo que a estante de livros desabe livrando-os todos da ordem decrescente; mesmo sabendo que quem eu quero não me quer e ponto.
Ainda que seja tudo mentira. Ou até mesmo verdade jogada na cara com a intensidade de um soco no estômago.
Mesmo assim. Vale.
Ou quando a lua sorrir mais forte, expulsando do céu qualquer rastro de estrela, tentando por assim dizer, eliminar a concorrência. Ainda que, de cócoras, as coisas não se facilitem muito.
E ainda que a cabeça doa doa doa, ecoa no ouvido um zumbidinho meio mórbido, meio cômico, me dizendo de maneira quase sincera, que as coisas valem ser vividas.
quarta-feira, agosto 23, 2006
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5 comentários:
viver a vida intensamente: as dores, as doenças e os amores que às vezes viram doença.
de que vale a vida se não isso?
zumbidinho que vem e diz: tá tudo certo!! é preciso doer, preciosa dor que nos paraliza pra que a gente não pare. zumbidinho dizendo: VAI!!!
Um beijo menina...
Karina
opa!!! PARALISA...
A vida ás vezes é um doer de desassossego...
ah, vale. tudo vale a pena quando...enfim.
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