restam tres horas pra dormir até que chegue a hora de acordar amanhã. hoje.
resta uma vida pra viver
mas que não chega nunca!
cadê?
a vida é que me molda num sapato apertado - não eu que a invento.
quem sabe inventar a própria vida?
que eu saiba, os artistas
ou os religiosos
os monges
os gurus
os padres
esses inventam uma outra vida
agora eu
(e uma enorme parte da população)
tenho vivido uma coisa que me espreme, aperta, machuca
uma coisa de se vira no que der pra poder pagar o aluguel no fim do mês
uma coisa garçonete de restaurante perda de tempo de vida de alma
cadê meu combustível, minha vida?
"vida minha vida
olha o que é que eu fiz
deixei a fatia mais doce da vida
na mesa dos homens
de vida vazia..."
assim não quero não dá não tem jeito
vou inventar que posso sair deste trabalho e começar a trabalhar no meu mais novo projeto para o qual dedicarei minha alma inteira e parte do meu corpo. e minha voz.
vou reinventar essa vida que sempre foi a que experimentei até chegar neste ponto morto de bater cartão. bater cabeça. dar murro em ponta de faca. nó em pingo d'água. correr atrás do próprio rabo.
inventei para mim uma prisão com casa marido comida na geladeira trabalho com carteira assinada. e quero desinventar tudo isso agora já. estalar os dedos e ser automaticamente transportada para uma sala escura, sem som, com os meus eleitos para criarem comigo esta nova vida que eu ainda vou viver. no palco. e na coxia.
domingo, março 06, 2011
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