domingo, agosto 10, 2008

Do tanto que lembrar me dói

Bate relógio bate cabeça na parede
joga relógio no chão
cabeça voa
pé fincado no cimento
agarra



Bate pirulito que bate bate
o anel que tu me destes
joga ciranda na parede
cai de bunda quebrada no paralelepípedo



Qual é a palavra mais difícil do mundo?



Bate na porta
tempo que bate torto
joga tempo pela janela
Sobra eu o relógio o mundo a parede o asfalto



Bate e me parte ao meio
um seio aqui
ali outro seio
um meio que fica meio sem saber
aonde ir

Um comentário:

ana disse...

ainda que já tenha lido, li de novo.
não são muitos os textos em que se descobre algo novo relendo. (escreve-se mta coisa no mundo). são os bons.
ou seja: os que dizem.
ou seja: os que batem.
batem-batem...
o jeito das palavras diz muito, diz tanto, as vezes mais do que o quê as palavras tão dizendo.
e o seu jeito bate.
tem uma liberdade que vc inventa que traz verdade, dessas que a gente vive mesmo.
beijo gordo.