Sem tapa nem pata na cara áspera, ergueu os olhos suplicantes de perdão.
Ódio e perdão transbordando nos olhos cinzentos que do mundo só conheciam o capim, a cana, aquela fuligem preta que cobre-a depois de ser incendiada e o facão enferrujado.
Golpeava a cana na base com uma força que nem existia mais. Nem ódio mais tinha de tanto acúmulo, de tanto que já engolira.
Engoliu ódio depois de ódio e os olhos agora se tornaram quase inexpressivos.
O perdão vinha da eterna submissão em que vivera. Conviver com a necessidade lhe transformara num homem que se desculpava por existir, por querer espaço neste mundo apertado, por preferir ser chamado simplesmente de Zé (embora o nome fosse bem outro), por detestar a cana e não encontrar outra saída.
As patas pretas lhe deixavam marcas carbonizadas quando ia tirar o suor da cara.
Homem.
Raça triste.
Espécie em extinção.
quarta-feira, maio 30, 2007
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3 comentários:
quantos zés se tornam esses por opção de simples assim serem reconhecidos, pela simplicidade necessidade de serem.
Sofia eu te amo. amo porque você é assim, Sofia. e se entende sem dizer nada. e ri. quando ninguém mais viu. é isso de ser incrível eu acho. e amo. muitomuito.
Em extinção! verdade dura e muito triste!
Adorei suas bolinhas!
beijo
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