quinta-feira, dezembro 21, 2006
Cegos
Estranha e nua sentei-me na mesa de um café. Não percebi as minhas unhas pintadas (vermelho) e mal notei o cego que tateava as minhas medidas, ao lado. Se ele me queria, não entendi. E também não o quis, não ali, não assim nua e densa. Era preciso estar leve como pluma leve pousa, como abelha em girassóis, era preciso o frescor da abelha no momento incerto. Instante raro de perceber sem ser notada era o que eu buscava por detrás dos meus óculos escuros. Ócios. Era como se eles me tornassem invisível: ali detrás podia ver a sinceridade da cidade escondida, aquilo que não se diz, sequer se pensa. Eu pensei tanto quanto um cão ao abanar o rabo e passei batido em brancas nuvens. Esqueci. E continuei ali. Nua. Estampadamente nua. Rodeada por cinzeiros e cigarros apagados, cafés fortes descendo pela goela fraca e empapuçada. Empapucei-me cedo. Então não havia mais espaço para o mundo dentro de mim.
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4 comentários:
Nua vestida de batom.
Cansada da vida café amargo.
que saudade de você.
de preferência vestida...
fiquei me perguntando onde está o foco. confesso que me perdi. não entendi muito. mas desconsidere, se assim achar coerente. beijo querida feliz natal e ano novo e aproveite as passagens desta vida quina vida. e que fumemos menos ano que vem. acho que quero isso. sei lá.
onde estão mais textos de Sofia?
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